Lesões subepiteliais do trato digestivo: uma abordagem endoscópica
As lesões subepiteliais do trato digestivo são tumores originados de uma das três camadas do tecido: muscular da mucosa, submucosa ou muscular própria. Apesar de serem mais frequentes no estômago, podem ser encontradas em toda a porção dos sistema gastrointestinal.
Para a caracterização dessas lesões, é necessário a aquisição de tecidos e para isso, a ultrassonografia endoscópica é, normalmente, o exame de escolha. Entretanto, uma preocupação referente a ressecções injustificadas, vem sendo colocada pela European Society of Gastrointestinal Endoscopy (ESGE).
Qual o papel da ultrassonografia endoscópica na aquisição de dados e diagnóstico dessas lesões? Quando a indicação de ressecção de lesões deve ser feita? Por fim, como deve ser a vigilância das lesões subepiteliais? Continue lendo para entender melhor o assunto e se atualizar.
Diagnóstico de lesões subepiteliais
Por serem normalmente assintomáticas, as lesões subepiteliais são encontradas durante a realização de endoscopia, por causas não relacionadas. Quando o paciente é sintomático, apresentam algum ou ambos os sintomas abaixo:
- Sangramento do trato gastrointestinal com deficiência de ferro associada; e/ou
- Obstrução do lúmen gastrointestinal pelo tumor com consequente dor abdominal.
A ESGE não recomenda que a endoscopia seja realizada com luz branca, isso porque a grande parte das lesões são pequenas com mucosa normal, o que dificulta a identificação dos subtipos de lesões subepiteliais.
As lesões que forem assintomáticas com característica semelhante a varizes, restos pancreáticos ou lipoma, não apresentam necessidade de ressecção, segundo a ESGE.
Qual o papel da ultrassonografia endoscópica na detecção e caracterização de lesões subepiteliais?
A ultrassonografia sozinha não tem a capacidade de distinguir entre todos os subtipos de lesões subepiteliais, entretanto, é o melhor exame para caracterizar o tamanho, formato, localização, camada de origem e ecogenicidade.
Segundo os estudos, a precisão da ultrassonografia endoscópica é maior quando a lesão está presente na camada submucosa. Quando comparada à tomografia computadorizada, a taxa de detecção de lesões subepiteliais, com a ultrassonografia endoscópica, foi superior (85% versus 69% na tomografia) em lesões maiores que 10 mm, e aquelas maiores de 27 mm (64% versus 50% na tomografia).
A ESGE sugere que a ultrassonografia endoscópica com contraste possa ser realizada para a caracterização de lesões, embora não possa substituir o método convencional na aquisição de tecidos. Não há evidência suficiente para a recomendação da ultrassonografia endoscópica com elastografia para o diagnóstico e gerenciamento de lesões subepiteliais.
Quando a ressecção cirúrgica é necessária?
A literatura médica não tem evidências suficientes para sugerir a aquisição de tecidos de todas as lesões subepiteliais ou só daquelas de tamanho superior a 20 mm. Mas, a European Society for Medical Oncology, o Japanese GIST Guideline Subcommittee e a Chinese Society of Clinical Oncology recomendam que a ressecção cirúrgica deve ser feita quando a lesão subepitelial for diagnosticada como tumores estromais gastrointestinais, mesmo quando menor de 20 mm.
Para a aquisição de tecido, a ESGE recomenda a biópsia por agulha fina guiada pela ultrassonografia endoscópica para lesões maiores de 20 mm, e a biópsia assistida por incisão da mucosa, para lesões menores de 20 mm.
Gerenciamento de lesões subepiteliais: como a vigilância deve ser conduzida?
A ESGE aconselha vigilância de lesões esofágicas e gástricas que são assintomáticas e não tiveram diagnóstico definitivo. Nesse caso, sugere-se:
- Esofagogastroduodenoscopia em 3-6 meses;
- Depois de 2-3 anos para lesões menores de 10 mm; OU
- Depois de 1-2 anos para lesões de 10-20 mm.
Para lesões maiores de 20 mm que não foram ressecadas e são assintomáticas, a ESGE recomenda:
- Esofagogastroduodenoscopia em 6 meses e depois em intervalos de 6 a 12 meses.
Uma vez que a ressecção é realizada, a vigilância dependerá do diagnóstico. Em lesões benignas, nenhuma vigilância é necessária, mas para as malignas, tudo dependerá da investigação.
As ressecções injustificadas devem ser evitadas, como a ESGE descreveu: “Só porque você pode ressecar uma lesão, não significa que você deva fazê-lo.” Mas, quando a aquisição de tecido for necessária para otimizar o diagnóstico, a ultrassonografia endoscópica é uma técnica com alto sucesso técnico, na caracterização de lesões subepiteliais.
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