Estudo aborda a relação de doenças inflamatórias intestinais (DII) e o microbioma (fatores ambientais).
A Colite Ulcerativa (CU) e a Doença de Crohn (DC) são exemplos de DII, caracterizadas por inflamações no intestino. Enquanto a CU se concentra principalmente no cólon, parte do intestino grosso, a DC pode afetar qualquer região do trato gastrointestinal, desde a boca até o ânus.
Essas condições surgem da interação complexa entre fatores genéticos, ambientais e microbianos.
Microbioma e o desenvolvimento de DII
O microbioma e seu papel no desenvolvimento das DII têm sido objeto de diversos estudos. Sugere-se que a presença de certas bactérias desempenha um papel crucial no desencadeamento da inflamação. Além disso, pacientes com DII em atividade apresentam alterações na diversidade, composição e abundância bacteriana em comparação com indivíduos saudáveis, ressaltando a importância da disbiose intestinal nesse contexto.
O que é disbiose intestinal?
Estima-se que existam trilhões de organismos microbianos no intestino humano, e eles mantêm uma relação cumprindo funções essenciais para a manutenção da nossa saúde, como nutrição, defesa e desenvolvimento imunológico.
Na maioria dos indivíduos saudáveis, 90% da microbiota intestinal é composta por Firmicutes e Bacteroidetes. Essas bactérias são responsáveis pela digestão de fibras vegetais, as quais são naturalmente indigestíveis pelos humanos. Além disso, essa interação é importante para a homeostase metabólica e regulação imunológica.
A disbiose intestinal ocorre quando a diversidade, composição e/ou funções dessas bactérias são alteradas, afetando, por exemplo, homeostase intestinal e da ativação imunológica inadequada.
Pacientes com DII apresentam reduções na biodiversidade, principalmente Firmicutes e certos membros de Bacteroidetes. A perda de biodiversidade pode levar à perda ou redução de funções essenciais necessárias para manter a integridade da barreira intestinal e regular o sistema imunitário do hospedeiro, resultando potencialmente em inflamação e aumento das respostas imunitárias.
Existem alguns fatores que colaboram para a disbiose intestinal, como fatores genéticos e alimentação.
Ainda não há um consenso se existe um patógeno específico que aumenta as chances de desenvolver DII. Nem toda bactéria presente nas DII causam alterações em todos os indivíduos. Por isso, indivíduos propensos a terem DII possuem um ambiente intestinal inflamatório que pode fornecer vantagens a bactérias patogênicas se desenvolverem. Essas bactérias, por si, promovem a inflamação, auxiliando na manutenção desse meio inflamatório.
Estudos estão avançando para entender ainda mais essa relação entre microbiomas. Estes conhecimentos podem fornecer ferramentas para o desenvolvimento de novas terapias focadas em microbiomas que poderão ser usadas para prevenir, controlar e, eventualmente, curar a DII.
Endorp Endoscopia&Diagnóstico
Fonte: LEE, Mirae; CHANG, Eugene B. Inflammatory bowel diseases (IBD) and the microbiome—searching the crime scene for clues. Gastroenterology, v. 160, n. 2, p. 524-537, 2021.