Endoscopia bariátrica: quais são as atualizações em 2021?
A obesidade é um distúrbio que se tornou epidêmico em escala internacional, tendo uma prevalência global quase que triplicado nas últimas quatro décadas para mais de 650 milhões de pessoas. No Brasil, os dados epidemiológicos não escapam da realidade global, segundo o Mapa da obesidade, essa doença crônica aumentou 67,8% nos últimos 13 anos, saindo de 11,8% em 2006 para 19,8% em 2018.
Como o impacto da obesidade e das comorbidades relacionadas continua a aumentar, são necessárias novas terapias bariátricas endoscópicas para seu tratamento eficaz. Portanto, a terapêutica endoscópica, chamada de endoscopia bariátrica, desempenha um papel importante tanto como tratamento da obesidade, como terapia coadjuvante ao tratamento clínico e ainda como tratamento das complicações cirúrgicas, pois existe o grupo de pacientes que não responde à terapêutica habitual e que ainda não tem indicação cirúrgica.
TRATAMENTOS ENDOSCÓPICOS DA OBESIDADE
Apesar de existirem inúmeros procedimentos endoscópicos para os tratamentos da obesidade no exterior, segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, nem todos são realizados no Brasil, visto que, as outras técnicas ainda estão em investigação clínica ou em fase de desenvolvimento e melhoria. Segundo um estudo recente do estado atual da endoscopia bariátrica, os principais métodos são:
- Balões intragástricos
Atualmente, quatro balões intragástricos são aprovados pela FDA, Agência Federal do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, para adultos com índice de massa corporal (IMC) de 30 a 35 kg/m2 e uma ou mais comorbidades associadas à comorbidade (ou seja, diabetes mellitus tipo 2, hipertensão arterial, hipercolesterolemia, doença hepática gordurosa não alcoólica) que tenham anteriormente falhado na perda de peso através de estilo de vida ou intervenções farmacológicas. São eles:
- ReShape: colocado endoscopicamente, balão preenchido por líquido e com tempo de implantação de 6 meses;
- Orbera: colocado endoscopicamente, balão preenchido por líquido e com tempo de implantação de 6 meses;
- Obalon: engolível, balão preenchido por gás e com tempo de implantação de 6 meses;
- Transpyloric Shuttle: colocado endoscopicamente, balão preenchido por líquido e com tempo de implantação de 12 meses;
- Spatz 3: colocado endoscopicamente, balão preenchido com líquido, com tempo de implantação de 12 meses. Diferentemente dos outros, este é o primeiro e único balão ajustável disponível no mercado.
- Terapia com aspiração
A técnica envolve a colocação de um tubo de gastrostomia colocado de forma usual de qualquer gastrostomia e, em sua extremidade, é conectado um aspirador com um sifão que aspira o conteúdo gástrico 20 minutos após a refeição. As indicações são as classes de obesidade II e III, e os critérios de exclusão são: distúrbios alimentares, depressão, história de doença gastrointestinal ou cirurgia gástrica prévia que aumentem o risco da colocação da gastrostomia.
- Gastroplastia vertical endoluminal
Esta é a técnica semipermanente de sutura mais difundida atualmente que consta com o próprio dispositivo de sutura, uma pinça Hélix (equivalente a uma pinça de apreensão), fios de sutura, uma pinça porta agulhas e um empurrador de nó (Cinch). Capaz de realizar suturas em pontos totais o Overstich Apollo vem sendo utilizado para o tratamento primário da obesidade e também em casos de recidiva da doença. Outras aplicações se referem ao tratamento de perfurações, fixação de próteses e muitos outros.
- Sutura gástrica
Quatro sistemas de sutura endoluminal têm sido investigados. O Endocinch Suturing System™ e sua versão modificada, o Restore Suturing System™ e o Stomaphyx™ não proporcionam suturas e plicaturas duráveis por não englobar todas as camadas da parede gástrica (mucosa e muscular) e o Overstich Apollo que envolve toda a parede gástrica.
- Termoablação por argônio
A técnica com gás argônio consiste em uma eletrocoagulação, sem contato com a parede do estômago, na qual a energia é aplicada ao tecido por meio do gás argônio ionizado via corrente elétrica, definida como plasma. É conhecido por ser um método superficial, embora exista evidência de que quanto maior a intensidade, maior é a profundidade da lesão térmica. Atualmente este tratamento é principalmente empregado em pacientes operados por cirurgia bariátrica que podem apresentar reganho de peso significativo, entretanto o uso desta técnica é amplo e não se restringe apenas à endoscopia digestiva.
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